Projeto FRACTUS Brasil
Interferência realizada na praia de Guaecá São Sebastião/SP.
Arte contemporanea
Esta série é decorrência de extensa pesquisa, que resultou na criação de matrizes de argila, que após gravadas e queimadas a 1300º, foram impressas com tinta gráfica em papel japonês. Posteriormente foram encapsuladas em resina, convertidas em objetos.
Enfileiradas na areia, na beira d’água, criaram um ritmo e se integraram à paisagem. A discussão subjacente nesse momento prendia-se à restituição da imagem de referência (solo marinho) ao ambiente de origem.
Significado
O trabalho de Rosa Esteves confirma as mais básicas funções que caracterizam as artes visuais. Ao contrário do texto discursivo, o gesto plástico, instala-se silenciosamente em algum canto, em alguma sala ou mesmo ao ar livre . E há uma sugestão e uma generosidade nas gravuras de Rosa . Se a vida atual impede o desenvolvimento humano em sua plenitude, faz- se urgente a delicadeza do recomeço o artesanato das entranhas, o resgate, enfim, das nossas mais embrionárias formas de vida.
Porque nunca homem foi tão lobo do homem, porque jamais imagem foi tão escrava do poder construído, Fractus traz a pedra talhada até nossos olhos para revelar o próprio enigma das artes plásticas : o objeto como referência sensitiva, cumprindo digna e silenciosamente sua função social.
O processo de criação das peças de Fractus, do início ao fim, poderia ser traduzido como a arte de contar segredo com as mãos. As gravuras, em seu produto final, apresentam coreografias minimalistas de códigos genéticos, sempre protegidas por uma resina transparente, preparadas para o contato com a terra, as águas e os ventos. E eis uma receita de revelação, onde o artista empresta sua pulsação ao barro, para expor a confidência orgânica, tal qual um cúmplice, um fofoqueiro, um apaixonado.
Ruy Cabral Rebello, 1997
1998 - Texto publicado na REVISTA BRAVO
GRAVURA RADICAL, por Kátia Canton
1997 - Texto publicado no jornal O Estado de São Paulo, por Camila Viegas